Cirurgia Plástica e Aleitamento Materno

Meu objetivo, ao abordar esse tema, é esclarecer o que pode acontecer com as mamas cirúrgicas durante a lactação.

Vou mencionar os dois tipos de mamoplastias mais comuns: redutora e o implante de prótese de silicone.

As mamas são formadas por vários “cachos” (glândulas), por gordura (tecido adiposo) que envolve os “cachos” e pelos ductos (que levam o leite produzido nas glândulas até os poros mamilares.

No desenho você pode ver alguns “cachos”, os ductos e as “bolsinhas”, que são os reservatórios onde o bebê precisa abocanhar para obter leite. O desenho não mostra a gordura que estaria envolvendo os cachos, se misturando com eles.
Glândula

 

Vamos começar pela Cirurgia Redutora

Essa cirurgia reduz o tamanho das mamas. Por mais cuidadoso que o cirurgião seja é muito difícil reduzir o tamanho das mamas retirando somente a gordura (tecido adiposo) e preservar totalmente as glândulas.  Mesmo que o volume retirado seja pequeno.

Por outro lado, os ductos também podem ser afetados, obstruídos. Isso pode comprometer a drenagem (saída) do leite materno. As “bolsinhas” que se encontram no limite da aréola com a pele podem mudar um pouco de lugar e se distanciar dessa localização. O que chamamos de retração de parênquima.

Durante todos esses anos acompanhando mães com cirurgias redutoras o aleitamento misto (quando a mãe oferece o leite materno e o leite industrializado) foi o caminho que viabilizou as mães a amamentarem seus bebês. O aleitamento misto pode ser feito oferecendo o complemento de leite durante as mamadas – relactação – , ou o complemento pode ser dado logo após a mãe oferecer o peito.

Prótese de silicone

A implantação da prótese de silicone quando colocada através do quadrante inferior não interferi em absolutamente nada na glândula mamária, nem na produção e nem na drenagem do leite materno. A prótese de silicone quando implantada dessa maneira vai “empurrar” a glândula para frente.Mas quando a prótese de silicone é implantada através da aréola pode acontecer a interrupção dos ductos, comprometendo a drenagem do leite materno parcialmente ou completamente.

É necessária uma avaliação individualizada no pós-parto para verificar a produção e drenagem do leite materno e o comportamento do bebê durante e após as mamadas. Assim é possível encontrar o melhor caminho e a real necessidade de complementação e como fazer. Na realidade acho que todas as mães deveriam ter essa avaliação, independente de terem mamas cirúrgicas.

O aleitamento materno não é fácil, institntivo e nem passa exclusivamente pelo desejo da mãe. Deixo aqui um trecho do livro “A arte de amar” de Erich Fromm, onde ele escreve sobre o amor materno. Não concordo quando ele escreve que somente uma minoria das mães é capaz de dar “mel”. Acho que a maioria é capaz de dar “mel” a seus filhos. Como acho que o importante é também o cuidar e atender as diferentes necessidades dos bebês.

“… O amor materno, neste segundo passo, faz o filho sentir: é bom ter nascido. Instila na criança o amor pela vida e não só o desejo de permanecer vivo. A mesma ideia pode ser expressa em outro simbolismo Bíblico. A terra prometida (a terra é sempre um símbolo materno) é descrita como aquela em que ‘corre o leite e o mel’. O leite é o símbolo do primeiro aspecto do amor, o do cuidado e afirmação. O mel simboliza a doçura da vida, o amor por ela e a felicidade de estar vivo. Muitas mães são capazes de dar ‘leite’, mas só a minoria o é também de dar ‘mel’. A fim de ser capaz de dar mel, a mãe deve não só ser uma ‘boa mãe’, mas ainda uma pessoa feliz – …  O efeito sobre o filho dificilmente poderá ser exagerado. O amor da mãe pela vida é tão contagioso quanto o é a sua ansiedade. Ambas as atitudes têm profundo efeito sobre toda a personalidade do filho; pode-se, em verdade, distinguir, entre crianças – e adultos – aqueles que só receberam ‘leite’ e aqueles que tiveram ‘leite e mel’.

                                                                                                                                               Erich Fromm “A arte de amar”

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